No último sábado (14), a fotógrafa Paula Giordano recebeu o público em uma visita guiada na exposição Catarse de Devoção, sua individual de fotografias. A Galeria Benedito Nunes acolheu os presentes em um ambiente de trocas e diálogos.
Entre os visitantes estavam moradores de Belém e turistas que estão na cidade em virtude do Círio de Nazaré. Paula falou sobre sua trajetória e sobre a transversalidade da sua pesquisa fotográfica com a literatura, poesia e antropologia.
“Eu fui com uma câmera na mão e sem saber muito bem o que eu ia fazer. Quando vi a corda, no mesmo instante percebi que aquele seria meu objeto”, relatou a artista sobre a sua primeira experiência fotografando o Círio. “Há alguns anos, venho fazendo essa investigação entre o homem e o divino, é aí que entra a catarse”, acrescentou fazendo o gancho com a mostra.
Paula sempre se interessou mais pelo lado filosófico do que pelo técnico da fotografia, evidenciando o aspecto humano. Ela foi se aproximando dos grupos, retornando as imagens aos fotografados. “Os primeiros dias pós-Círio são só para isso”, contou. “Os dois anos pandêmicos me ajudaram a estruturar o contato com as pessoas que eu já fotografava”, disse ao recordar os anos de “Círio suspenso” em virtude da pandemia da COVID-19.
A corda é um desafio de resistência para os romeiros e para a fotógrafa. “Eu observei que é algo que vai além do cultural, da festa, é a devoção, o sacrifício, aquilo que é individual”, observou o visitante Emanuel.
Algo único e universal, assim que a corda se manifesta para os presentes. Paula observou o cuidado com os outros mesmo em uma situação tão complexa e violenta quanto o corte da corda. No compromisso do afeto, a corda traz a sensação de fraternidade, de amor entre pessoas que, na maioria das vezes, nunca se viram e poderão nunca mais se reencontrar.
A percepção do sacrifício fica mais evidente no preto e branco das imagens de Paula. “Destaca mais a festa, a devoção das pessoas”, analisou o visitante Alê Nogueira.
A mostra Catarse de Devoção segue com visitação aberta ao público até 28 de novembro, de segunda a sexta, sempre das 09 às 17h, na Galeria Benedito Nunes, no subsolo do Centur. A entrada é gratuita.
*Texto: Debb Cabral/ASCOM
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